Darcy de Oliveira Reis


O grande locutor esportivo Fiori Gigliotti já dizia: “o tempo passa, torcida brasileira”.

Sabe-se que Jacareí foi um grande celeiro de radialistas, como Loureiro Júnior, Jota Pereira, Ângelo Ananias, dentre outros. Desta feita vamos homenagear certamente o maior expoente saído das rádios jacareienses: Darcy Reis que nesta semana faria 89 anos.

Darcy de Oliveira Reis, nasceu do Bairro do Bom Jesus em 27 de abril de 1933, filho do ferroviário Carlos de Oliveira Reis e de Dona Elvira da Costa Reis. O casal devia gostar muito da letra “D”, já que aos outros filhos foram dados os nomes de Damar, Doracy e Dauro.

Em razão do emprego do pai, residiu em muitas cidades do Vale do Paraíba e subúrbios de São Paulo. Em 1950 morava na cidade de Cruzeiro quando perdeu sua mãe, retornando a residir em Jacareí.

Aqui formou-se professor primário na Escola Normal e Ginásio Estadual, sendo, nas palavras no amigo Enéas, “uma figura popular no meio estudantil, com bela presença e uma simpatia contagiante que conquistava a admiração e respeito de todos”.

Também nas palavras do jornalista Milton Neves, Darcy Reis “foi um dos mais corretos e competentes locutores esportivos do rádio brasileiro”. E tudo começou em nossa cidade, devido ao seu belo timbre de voz. Desde muito jovem, fazia transmissões amadoras nos autofalantes da cidade durante as campanhas políticas. Trabalhou no Cine Rio Branco como locutor da programação e também em comerciais de rádio. Sua primeira experiência como repórter esportivo foi em 1951, quando narrou um jogo de futebol entre o Elvira Esporte Clube e o Estrela de Piquete na Rádio Clube Jacareí, onde chegou ao posto de gerente nos anos 1954/1955.

Naquela mesma época participou de um concurso para novos locutores esportivos na Rádio Panamericana (atual Jovem Pan), saindo-se vencedor entre 890 candidatos. No entanto, diante da proposta de trabalho modesta e com baixo salário, não aceitou o emprego oferecido. Entretanto, acabou sendo procurado por Edson Leite, diretor da Rádio Bandeirantes, que ofereceu a oportunidade de continuar trabalhando em Jacareí, indo somente aos finais de semana à capital paulista para transmitir jogos de futebol e basquete. Naquele emissora consolidou sua trajetória profissional como radialista e jornalista, ao lado de feras como Fiori Gigliotti e Silvio Luis.

Darcy Reis entre Biro-Biro, Dalmo Pessoa e Fiori Gigliotti

Profissional eclético e com muito talento, tornou-se um expert em várias modalidades esportivas, como futebol, box, basquete, vôlei e automobilismo. Em 1953 fez sua primeira viagem interestadual para o Recife. Três anos depois fez sua primeira viagem internacional para cobrir o Campeonato Pan-Americano de Futebol na Cidade do México. A partir dali, cobriu várias Copas do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos. Ao longo dos anos, participou da organização da Rádio e TV Gazeta, do Departamento de Esportes da TV Guanabara, trabalhando, também, na Rádio Jovem Pan. Além do rádio, escreveu para jornais como a Gazeta Esportiva, Diário de São Paulo e Diário da Tarde.

Uma curiosidade: em 1977, a Rádio Bandeirantes de São Paulo contratou um certo comentarista chamado Galvão Bueno, que passara rapidamente pela TV Record. No mesmo ano, a TV Bandeirantes deixou de ser uma simples emissora regional. Neste início, Darcy Reis, chefe da equipe de esportes, sugeriu que Galvão deixasse de comentar no rádio paulista para ser o narrador da recém-inaugurada TV Guanabara, canal 7, a Band do Rio de Janeiro. Galvão achava que o negócio dele era comentar, mas aceitou fazer o teste, sendo prontamente aprovado. Certamente, Galvão hoje diria: “Olha o que ele fez, olha o que fez!”

Por seus méritos profissionais, Darcy Reis chefiou o “Escrete do Rádio” na Bandeirantes, recebendo diversas premiações ao longo da carreira, entre elas o “Roquete Pinto” no triênio 1963/1965, naquela época o prêmio máximo da Rádio e TV Record. Apesar de não exibir, era “comendador”, agraciado pelo Governo do Estado de São Paulo.

Em 19 de novembro de 1969, no Maracanã, numa partida entre Vasco da Gama e Santos, transmitiu o milésimo gol de Pelé:

Na vida, ao lado de um grande homem, sempre há uma grande mulher. Darcy Reis era casado com Margarida Nunes de Siqueira Reis, enlace que se deu na Igreja Matriz da Imaculada Conceição em 7 de janeiro de 1959. Na ocasião, já considerado um expert nas transmissões radiofônicas, conciliou a lua de mel com uma viagem a trabalho no Chile, onde transmitiu o Campeonato Mundial de Basquete. O casal não teve filhos.

Casamento de Darcy e Margarida Reis

Após longos anos como locutor esportivo, cansado das viagens, dedicou-se à direção do setor esportivo da Rádio e TV Bandeirantes até falecer precocemente aos 55 anos, vitimado por um câncer em 29 de março de 1989.

Atualmente, seu nome encontra-se perpetuado em ruas em Jacareí e São Paulo, além da “Noite da Seresta Darcy Reis”, criada em 1977 e até recentemente comandada pela inesquecível Telê Rodrigues.

Fonte: Arquivo pessoal de Margarida Reis
Blog Terceiro Tempo
Livro: Clube Atlético Boa Vontade de Enéas Alves dos Santos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *